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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Alunos realizam campanha para ajudar professora transexual a pagar cirurgia

A operação já foi realizada, mas os jovens continuam movimentando a escola e a internet para professora conseguir quitar os empréstimos que fez

Percebendo que não conseguiria mais esperar, a professora transexual Danieli Balbi chegou a conclusão que precisava realizar a cirurgia de mudança de sexo. Porém, seu sonho custava R$ 40 mil e ela viu que não conseguiria juntar esse valor. A solução que encontrou foi gravar um vídeo contando seu dilema e postar nas redes sociais. O resultado foi uma mobilização de seus alunos na escola e na internet para conseguir o dinheiro.

O apoio dos alunos veio de duas formas. Primeiro, o grêmio estudantil reverteu todo o dinheiro da festa junina da escola para a campanha. Depois, os alunos do 2º ano do ensino médio realizaram uma rifa. As duas ações somaram R$ 6 mil. Os jovens também montaram uma campanha de crowdfunding – uma forma de obter capital na internet com doações de pessoas que apoiam a ideia apresentada. Até agora foram doados cerca de R$ 4 mil para a transexual e a campanha se encerra no início de agosto.  
Arrecadação
Nesse período, Danieli fez empréstimos e conseguiu realizar a cirurgia. Ela utilizará o dinheiro da campanha on-line para diminuir a dívida. Foram dois empréstimos, um de R$ 22 mil, que ela terá que pagar cerca R$ 50 mil com os reajustes, o outro de R$ 10 mil, que sairá por R$ 15 mil. Amigos e professores também ajudaram a transexual com doações que somaram cerca de R$ 12 mil.
A analista administrativo trilíngue Júlia Ferraz conheceu Danieli na faculdade, em 2008, e ficou sabendo da campanha pelas redes sociais. “Resolvi apoiar porque sempre acompanhei a luta dela e sei o quanto isso é importante para a Dani”, conta Júlia. Ela afirma que conhecer a professora foi muito bom, porque pode entender melhor o quão difícil é ser uma transexual. “Desde que a conheci, não tem como olhar para ela e não dizer que ela é uma mulher”, completa a analista.
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História
Aos 4 anos, Daniel já se sentia Danieli. “Eu lembro que quando pequena eu já me referia a mim como uma mulher e mamãe me corrigia”, conta a professora. Aos 12 anos, ela entendeu que era transexual e, desde, então a cirurgia se tornou um sonho. “Eu procurava sobre isso na internet, pois é um abalo psicológico olhar para o seu corpo e não se reconhecer”, detalha Danieli.
Conforme o tempo foi passando, a professora tomou hormônios para ficar mais feminina. Aos 25 anos, resolveu contar a mãe que era transexual e, neste mesmo período, ela entrou na justiça e o nome Danieli foi oficialmente reconhecido e trocado no R.G.. O gênero continuou como masculino, e a justificativa da juíza foi que isso só seria mudado depois da cirurgia.
Danieli explica que, no Brasil, para realizar a operação de mudança de sexo é preciso fazer um acompanhamento durante dois anos com psiquiatra, psicólogo, assistente social e endocrinologista e todos precisam apresentar um laudo.
Depois desse processo, ela marcou a cirurgia. “Estou com 27 anos e esse foi meu limite. Estou no pós-operatório e houve uma intercorrência na região do abdômen. Tive que fazer outra cirurgia, mas eu queria tanto isso que estou muito feliz com o resultado”, relata a transexual.  
Ganho na educação
Danieli conta que sua família é muito humilde e receber esse apoio foi fundamental. Ela também está admirada com o apoio dos alunos. “Essa campanha toda é fruto de uma escola democrática, livre e comprometida com o fim das injustiças sociais. Como professora, acho que é um ganho para a educação deles”, finaliza a professora transexual.

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